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CHUVA OBLÍQUA

CHUVA OBLÍQUA Atravessa esta paisagem o meu sonho dum porto infinito E a cor das flores é transparente de as velas de grandes navios Que largam do cais arrastando nas águas por sombra Os vultos ao sol daquelas árvores antigas... O porto que sonho é sombrio e pálido E esta paisagem é cheia de sol deste lado... Mas no meu espírito o sol deste dia é porto sombrio E os navios que saem do porto são estas árvores ao sol... Liberto em duplo, abandonei-me da paisagem abaixo... O vulto do cais é a estrada nítida e calma Que se levanta e se ergue como um muro, E os navios passam por dentro dos troncos das árvores Com uma horizontalidade vertical, E deixam cair amarras na água pelas folhas uma a uma dentro... Não sei quem me sonho... Súbito toda a água do mar do porto é transparente E vejo no fundo, como uma estampa enorme que lá estivesse desdobrada, Esta paisagem toda, renque de árvore, estrada a arder em aquele porto, E a sombra duma na...
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14. Transe Vândalo

Esperança esgotada por fim cessa. No regresso do prazer do teu jeito manso. Perfuras a saudade como uma flecha que leva na ponta a promessa Ai - meu divino Santo! Por este momento uma eternidade ansiei. No relance dos teus olhos marés de vastos verdes oceanos - navegarei. Com caravelas ávidas de caminhos desconhecidos. Que me transportam a trilhos outrora desbravados - - já esquecidos. Homem meu! Abandona-me no deleite da tua pele tenra e quente. Entoxica-me com teu cheiro a terra e sândalo. Desbrava-me com o teu toque vadio e ardente. Sussurra-me até à loucura com teu gemido felino de transe vândalo. Homem do Diabo! És a minha droga a minha mais inpura tentação. Doses curtas deliciosas curtem esta maldita obsessão. Homem de fervor! Esta alma por ti se aninha. Fica desta vez meu amor. Homem! Fica! Pois por muitos mares que navegues. Por muitos corações que procures. Nunca encontrarás paixão igual à minha! Suz Sherwood, Nottingham 19 de Feve...

1. Trilhos de Poeira

Desvendaste-te de rompante minha serena presença invadiste Estonteada fiquei na aurora desse sorriso de garoto deslumbrante -decidiste Trancar-me na memória do nosso toque de novo rendida Ao deslize dos dedos esguios - delicados de novo perdida Nos destroços da antiga paixão nossos corpos jazem agora inertes - desenlaçados Em desunião  Na tua impetuosidade cavalgaste sem freio directo à sensação Levantaste rumos e nuvens de poeira sem destino ou direcção Deixaste rastos de impulsos esmagados num percurso retraçado Reacendeste a karmica realidade de um sonho de amor nunca realizado Como sobreviver então na penitência à saudade sem curva de regresso Confinada nesta redoma de desencanto cumprindo a sentença do meu destino Sem lagrimas, trancada neste pranto amaldiçoo-te pelo abate da esperança  - A que me condenaste E à tua passagem pela vida sem perseverança - A que te resignaste Ergo o meu olhar ao teu e sinto nos teus olhos o adeus sem gesto No silênc...

2.Gazela

Luna, tu - Cadela no regaço- Companheira de Ventura Que Preciosos momentos partilhados, neste intervalo de vida- -preenchidos com a tua Doçura. Fica assim linda! Vestida na tua cor de trigo reluzente com olhos cor de abelha rainha- -de colmeia espessa de mel Fica assim linda! Aninhada neste colo carente que se molda ao teu porte esguio e fiel Minha gazela mais querida ante ti vergo-me abençoada Na tua nobre delicadeza - Não partas nunca! Criatura minha adorada - Não partas nunca! Minha sublime riqueza Para a minha paixão de quatro patas Suz Sherwood 17 de Fevereiro 2018 ©2018 Susanne Marie Ramos França

3. Vida de Inverno

Sentido, diz-me, que esta vida tem? Se na janela o cinzento espesso Afunda-me- -no vácuo da presença de ninguém Se as ruas são deixadas ao abandono onde só o nevoeiro passeia com vaidade Se não resta voz ou alma Na solidão- -conformada com a sua insularidade Para quê, vida, hei-de eu continuar? A traçar trajectos e linhas Se a realidade é cheiro a mofo nas paredes amarelecidas e vidros embaciados por detrás de cortinas- -pesadas Sem vesga de luz pelas suas pregas poder espreitar Vida? Fala comigo! Pois Tudo o que ouço é silêncio e guinchar de dobradiças Esta casa tal como eu- -procura abrigo Deste Inverno sem promessa de fim Imersa neste mar de nuvens, que no chão deste céu abateu Só na caneta destas rimas desalinhadas apaziguo este desassossego- -na esperança De que me vais presentear Com um destino de historias de amor - -fantasiadas De finais felizes para todo o sempre Onde se aquece o corpo de pele fria com sensação de granizo invernoso E fica o toqu...

4. Pairar

Meu corpo arquejado  Paira! Suspenso... Agaixa-se à mira do teu olhar Esse vislumbre  desvairado vem anunciar o nosso fim Já só Restam vestigios - sombras  -Pedaços de mim Sem ter mais como me humilhar Transcendi novamente o risco De uma vez mais no amor fracassar   Meu corpo quebrado Paira! Suspenso ... Nos destroços da memória A alma rememora a gloria Dos nossos momentos – -Agora esquecidos Mas outrora deliciosamente atrevidos Meu corpo amargurado Paira! Suspenso... Num contrassenso - -Num frenético vaivém A serenar no desalento Sou uma criança A bailar ao ritmo da melodia dos risos Nas margens da lagoa azul e verde Adornada pelas pregas de narcisos Meu corpo maravilhado Paira! Suspenso... Pela brisa suave Que acaricia os caracóis cor de fogo Deslumbro-me ante tanta beleza Quero sim- Gozar a eternidade deste jogo Quero-me a mim! Unida no deslumbre desta pureza Meu corpo flamejado Paira! Suspenso... Reencarna à essência adulta Nas c...

5. Amores

O amor perdido No ardor desvanecido Na perda do candor Coração fica assim pequenino e tolhido- - Na dor Num batimento desafinado Num compasso aprisionado Deixa-me ir meu amor... O amor perdido Cravado na carne penitente - - Pecadora Desta criatura impotente Que se entrega à memória da sensação Dos corpos em forma de trança Em primeira comunhão... Num movimento em forma de dança Estremecem ofegantes no desvario da pulsão Num oásis de esplendor Deixa-me ir por favor... O amor perdido Repleto de historias não contadas- - Desaparecidas Palavras ocultadas Padecem nos destroços da saudade Fantasias reprimidas das paixões não assumidas... Corpo meu Para quê esta insaciedade? Que me leva à insanidade- Para quê - O palpitar do corpo iludido? Se tudo isto não passa apenas De um amor perdido ... Suz 21 de Julho 2017 Sherwood ©2017 Susanne Marie Ramos França

6. Desamor

Na insegurança de quem sou na dor do desamor inevitável. Encarcerada neste sentimento rastejo num cansaço infindável. Olhos baixos humilhados vagueiam na vulnerabilidade. Olhos de água embaciados buscam a perdida dignidade. Arrastei-me da vida por ti faminta deste amor desmesurado. Na desilusão do que não vivi na promessa do amor apaixonado. Para quê todo este tempo perdido na esperança de em ti encontrar, - A imensidão,                           de todo o sentido           sem sentido, E no vazio desta vida fico o seu fim a aguardar. Para ti Xandra. Suz Figueira da Foz  Agosto 2012 ©2012 Susanne Marie Ramos França

7.Do Não e Do Sim

Quero-te aqui Vem cá! Quero o teu sabor Vem cá! Quero o teu calor Vem cá! Quero o teu ardor Vem cá! Quero o teu fervor Vem cá, Já! Por favor! Cala-me este corpo que range dorido à procura de abrigo Meu amor! Tira-me deste sufoco Mata-me esta paixão e enterra-a bem fundo -              - na terra - dentro de um caixão Para que serve um corpo sem alma? Sem poder desflorar na eternidade da calma? Sem ti... As ideias sôfregas e desarticuladas correm e tropeçam como bonecas  desmembradas Com cabeças, braços e pernas arrancadas - - Destruidas Espalhadas pelos cantos do meu quarto - - Todas partidas Como fragmentos que eu já não uso - e descarto Quero-te é a ti! Quero-te todo - - Uno Não me fales do não e do sim Meus desejos são primais – - essenciais Não percas tempo... Não quero esperar mais Enrosca-te em mim Assim! Para não te perder jamais Quero a t...

8. Entre Momentos

8- ENTRE MOMENTOS No momento entre os momentos- O corpo quer desistir e o coração parar. O som do rastejar da caneta no papel insiste em relembrar, que ainda existem palavras que aguardam serem escritas. O calor do corpo da minha cadela insiste em aninhar-se e exigir o meu. A respiração serena do meu filho no outro lado da parede funde-se à minha. As acrobacias da vida contorcem-se, insistem, e exigem que ainda há vida para viver - No momento entre os momentos. Suz Sherwood Março, 2017 ©2017 Susanne Marie Ramos França

13-Bruxedos Burlescos

Corações Trancados em Solidão- Nas teias de Palavras que envenenam as veias e artérias que fluem pelos corpos entorpecidos como mortos vivos sem garra nem força - -Adormecidos... Corações Trancados em Solidão- Nas lágrimas que brotam e escorrem pelas peles  ressequidas dos rostos com expressões grotescas Como marcaras de harlequim Que escondem o sofrimento das vidas que padecem Para sempre- -Sem fim... Corações Trancados em Solidão- Nos sorrisos tímidos e ansiosos que escondem tudo na tentativa de mostrarem nada Dissimulados pelo medo de desvendarem os segredos das almas exorcizadas Que deambulam Perdidas- -Abandonadas... Corações Trancados em Solidão- Na tristeza que se espalha pelos ossos triturados como esqueletos esculpidos em pó de arroz- -Esbranquiçados Em formas de membros desconexados- -Desalinhados Em montes de poeira Por entre as tampas dos esgotos- -Espalhados... Corações Trancados em Solidão- Nas Emoções solidificadas- -Escondidas ...

entre marido e mulher não se mete a colher"....???

Treta!!! Interessante esta experiência do "apagão" e ler as publicações contra e a favor. Uma coisa é certa. O que era suposto ser um "apagão" gerou muita conversa e discussão.... Cada um tem a liberdade de escolha (desde que não prejudique alguém) de expressar a sua revolta e dor relativamente à violência, seja a vítima uma mulher, um homem, uma criança, um animal, etc etc etc.....violência é inadmissível, ponto final! Apagões, perfis pretos, coloridos, palavras, fotografias....não farão grande diferença às vítimas que estão neste momento, esta noite, amanhã.... a serem sujeitas a actos de violência, física e/ou psicológica. Denunciar, estar atento/a, assumir responsabilidade, quando sabemos, vemos, ouvimos sinais...isso sim fará a diferença. E para isso precisamos estar unidos (as)...independentemente da foto e cor do nosso perfil no facebook. Seja quem for que seja vítima de violência, é responsabilidade nossa  proteger e ajudar! Obrigada por ter...

9-Reencontro Divino

REENCONTRO DIVINO No aroma doce da tua presença reencontro a amizade que ficou. Na angustia da saudade que procura a vida que findou. Aonde foste meu companheiro de viagens e travessuras. Partiste deixando-me aqui com sede de mais mil aventuras. Numa vida cortada a meio nesse futuro que te sorria. Nas memorias que anseio jamais  pensei que te perderia. Encontraste o meu passo fugido e amedrontado pela vida. Entregaste de ti um pedaço prezado até à minha partida. Até à vista do outro lado ampara o percurso desta amiga. No teu partir desenfreado digo-te adeus comovida. Ao João Pedro Suz Sobreda 21 Julho, 2011 ©2011 Susanne Marie Ramos França

12-Hino à Morte

Viver a vida com ardor o pesadelo de todo o cinico. Morrer uma morte sem dor o sonho de todo o lírico. Fujo, corro, a vaguear trôpega como o fio num tear. Que vai e vem, vem e vai ai, como esta vida já começa a fartar! Que irónica o fim da morte. Que lacónica a morte do fim. Ai que bom e que sorte... poder viver esta vida sem mim. Sarcástica e brincalhona vens sem aviso nem piedade. Como uma prima-dona a gozar com esta maldita ansiedade. Não te chega o medo que venhas, para apagares esse sorriso pretensioso? Sim, tens poder e é bom que o tenhas. Quem sabe assim, a vida passe a ser um bem precioso. Suz Sherwood Janeiro, 2017 ©2017 Susanne Marie Ramos França

11-Palavras!

Nas tuas palavras amargas de acusação a garganta aperta-se num sufoco - Escondo-me na muralha que protege este coração cercado no seu ritmo louco Apodreço nesta forma de ser a vida já transpira de cansaço Vivo nesta forma de morrer à procura do conforto de um regaço No ardor das lagrimas que já não saem fico na silencio amargurada Na violência das palavras que caem soltas a tua raiva desenfreada. Nesta angustia sem fim cerro os olhos na esperança de esquecer A minha existência que para esta vida vim e a qual anseio perder Suz Intercidades, Porto-Lisboa Setembro, 2010 ©2010 Susanne Marie Ramos França

10-Dormência

Dormência  No sentir de não sentir o que sentir devia. No desassossego de sentir esta eterna apatia. Não há lugar nem pessoa que satisfaça esta lacuna. Não há carne nem alma que aguente sentir coisa alguma. Esta melancolia sem fim de ter esquecido de sentir. Neste vazio em mim num desespero de querer partir. Escuto teias de palavras na impaciência do sofrimento. Na inquietude aguardo a esperança do sentimento. Outrora na memoria da emoção que o corpo já conheceu. Jaz agora a indiferença da paixão que esqueceu. Suz Intercidades, Porto- Lisboa 9 Julho, 2010 ©2010 Susanne Marie Ramos França

Dilemas Natalícios

Natal 2016 Dilemas Natalícios Gostava de poder dizer que tenho espirito Natalício, mas não tenho.  Se Deus existe, adoraria saber o que ele pensa quando olha cá para baixo e vê a humanidade pela qual ele sacrificou o seu filho.  Jesus derramou o seu sangue e morreu por nós....e o derramento de sangue continua ....se nasceu para um dia nos salvar ....se calhar morreu em vão... Claro que estamos no Natal e não na Pascoa, mas eu sinto-me confusa. Quando o meu filho, com apenas  7 anos se preocupa com as pessoas que dormem nas ruas ao frio, e pergunta se "aquilo com as crianças na Síria é mesmo verdade"....fico sem palavras... Como enquadrar o consumismo e "alegria" da época Natalícia, com Alepo, e toda a violência e barbaridade que nos rodeia? Em 2016 não houve um único mês em que não houvesse alguma forma de ataque terrorista nalguma parte do mundo. Mas também existem coisas bonitas. Os Correios perto de mim organizaram uma mesa com chá quente e convivio pa...

Homenagem a Jo Cox Raça só há uma: A humana!

Homenagem a Jo Cox Raça só há uma: A humana! Meu filho ontem foi a uma visita de estudo a uma Sinagoga. Aos 7 anos já aprendeu na escola acerca do Judaísmo, Cristianismo, Islamismo e até Budismo. Brinca e é feliz na escola com amigos e não liga à cor da pele, religião ou grupo étnico. Mas é ainda uma criança... A brutalidade do assassinato de Jo Cox chocou-me profundamente. Uma mãe, activista e defensora dos carenciados e desprotegidos. Uma apaixonada pela vida que em 41 anos fez um trabalho exemplar ilustrativo de compaixão e determinação.  O criminoso que a assassinou,  identificou -se no tribunal de " Death to traitors, freedom for Britain". Entrou calmo e sem remorsos. Psicopata, Neo-nazi, terrorista? Chamem-lhe o que lhe quiserem chamar, este fulano ainda me arrepia mais do que o chamado estado islâmico. Ambos pura natureza humana no seu pior! Por outro lado, Bernard Carter-Kenny, 77 anos, personifica a natureza humana no seu melhor. Arriscou a vida ao tenta...

A directora dos sapatos cor-de-laranja

A Directora dos Sapatos Cor-De-Laranja! Tenho a sorte de ter muitos familiares e amigos que exercem, ou exerceram, a profissão de  professor/a. Os professores têm um papel tão, mas tão importante na nossa sociedade, que me choca a desvalorização e stress a que esta profissão é sujeita.  Mas claro que falo da minha experiência como psicóloga num país fora de Portugal, onde acompanho muitos professores, e não tenho conhecimento para generalizar à realidade portuguesa. Sou defensora acérrima de que a educação, e a saúde (puxando a brasa à minha sardinha), devem ser serviços públicos e não privados. No Reino Unido, onde muita coisa vai de mal a pior, fico surpreendida pela positiva, com a dedicação e esforço  pessoal que os profissionais exercem, de modo a sobreviver ao que o sistema governamental impõe. Cortes nos subsídios e orçamento, imposição de "targets" de desempenho desumanos,  e uma vontade perversa  de privatizar serviços, a que todos nós temos o...

Shoe pile

"Shoe Pile" Cinco putos entram pela porta adentro, e como sabem que sapatos não são permitidos, criam esta imagem que para mim, apesar da lama e do cheiro de pés de rapazes,  é  deliciosa. São apressados, felizes, encantadores, desarrumados, barulhentos e devoradores de pacotes de batatas fritas. São uma riqueza cultural na minha sala que vai de Portugal, à Uganda, África do Sul e termina na Australia. São as minhas coordenadas de vida e a fonte do meu sorriso. Romantismo num monte de sapatos? Absolutamente!!! ©2018 Susanne Marie Ramos França

A magia de um Domingo de Manhã!

A Magia de um Domingo de Manhã! Há algo inexplicável quando se passeia nas ruas num Domingo de manhã!   O silêncio permite  aos sentidos absorver o que nos outros dias está escondido,  e ofuscado pelos ruídos da azáfama da vida.  Que bom que é ver a preguiça do céu que teima em não abrir e contemplar-nos com um raio de sol; a porta da casa que teima em ser diferente pois é a única amarela da rua; o senhor que por nós passa e diz "morning darling" ;o som dos focinhos da Luna & Paco à  procura por entre as folhas de Outono, prováveis vestígios de comida;  o som do assobio de outro senhor que nos olha nos olhos, e o rosto abre-se num sorriso....o chegar a casa e tomar uma chávena de chá preto fumegante...no silêncio da magia deste Domingo.  Para mim é mágico.  Para quê complicar se a simplicidade pode ser tão bela? Um bom Domingo para todos!  Abraço  Susanne M. França  ©2018 Susanne Marie Ramos França...

Arte de Viver

Será Que Perdemos a Arte de Viver e Observar?  Quando andei freneticamente a pesquisar jardins-de-infância para o meu filho, foi um stress.  É uma decisão difícil escolher o local e as pessoas em quem se vai confiar um filho. Andei de infantário em infantário, até que lá nos decidimos (eu e o pai) a muito custo. Decisão tomada, chegou o dia em que a criança foi conhecer, e claro, aprovar a decisão dos pais.  Mal nos aproximámos do portão, ele arregalou os olhos, e soltou um berro estridente: “mãe olha….há galinhas!!!”. Não é que no quintal solarengo geminado ao infantário existiam flores, couves, limoeiros, ameixoeiras e galinhas robustas a vaguear livremente com os seus pintos. Fiquei boquiaberta e estupefacta com o facto de ter vindo aqui diversas vezes e não ter reparado neste quintal. Como é possível não reparar num quintal enorme cheio de galinhas num meio urbano? O filho ficou instantaneamente apaixonado pelo infantário e apregoou o...

Maternidade tardia

Maternidade Tardia: As Vantagens! Lembro-me no ano seguinte ao nascimento do meu filho, uma amiga exactamente da minha idade, ter sido avó! Conclusão: ou eu fui mãe muito tarde; ou ela foi avó muito cedo! As desvantagens e os riscos de deixar uma gravidez para uma idade mais avançada são sobejamente conhecidas, mas quais serão as vantagens? A maior vantagem de esperar para ter filhos, deve ser exactamente isso; ter tido tempo de crescer, amadurecer e viver a vida plenamente antes de ter filhos. Psicólogos afirmam que mães mais velhas têm mais serenidade, paciência e sabedoria no processo de educação dos filhos. Outra vantagem pode ser a estabilidade financeira que algumas pessoas mais velhas podem já auferir, em parte devido à menor necessidade de trabalhar longas horas, típico do início de construção de uma carreira profissional. Mas, como tudo na vida, podemos ler e pesquisar estudos que comprovam isto e aquilo, e no caso da maternidade parece que os estud...

Como dar sentido à Morte de uma avó

Como dar Sentido à Morte de Uma Avó! A vida é tão irónica. Presenteou uma amiga minha com o nascimento do seu segundo filho, na mesma semana que faleceu a sua avó. Como lidar simultaneamente com o luto da avó e o nascimento de um filho? Esta avó, como tantas, foi uma mãe, uma amiga, uma companheira e uma confidente. Era daquelas avós que cuidam dos netos com uma ternura e amor infindável, que têm um sorriso eterno e uma enorme dose de bom senso. Quem tem ou teve uma avó assim, lembra-se bem como ela nos defendia sempre perante os nossos pais, quando nos dava um dinheirinho extra sem termos que pedir, como tinha sempre uma sopinha e um bolinho quentinho pronto à nossa espera, como cuidava de nós quando adoecíamos e sabia contar histórias com a expressividade e mistério que só uma avó sabe transmitir. Voltando à minha amiga; como lidamos com o fim do prazer de termos a nossa avó perto? Com o fim de uma geração? É como se ela tivesse levado com ela uma parte da infância, da ado...

Envelhecimento

Era uma vez…uma sociedade que cuidava dos seus idosos! Depressão e Envelhecimento! Era uma vez uma sociedade em que os idosos eram tratados com o devido respeito e atenção, e tinham um papel importante no aconselhamento de assuntos relativos à família e à sociedade no geral. A sabedoria era valorizada e prezada como algo fundamental ao funcionamento da sociedade. A família era o porto seguro dos idosos e os mais jovens sentiam admiração e agradecimento pelos sacrifícios e trabalho de uma vida inteira efectuada por estes idosos. Os aniversários dos idosos eram festejados com alegria e solenidade e podia-se perguntar a uma mulher idosa a sua idade, porque ela responderia com orgulho… Um conto de fadas? Não, felizmente não é! É inspirado na tradição e cultura Japonesa, que tem inclusivamente um dia no ano dedicado aos idosos: O Dia do Respeito ao Idoso; que desde 1966 é decretado feriado nacional. Sim, eu sei... todas as culturas têm qualidades e defeitos. Mas será que nós no ...

Urbanismo

Relação entre Urbanismo e Depressão! Será que o betão nos deprime? Como é que uma pessoa sensível consegue caminhar, conduzir ou simplesmente viver em ambientes urbanísticos agressivos que nos ferem os sentidos diariamente?  É urgente est udar a relação entre o urbanismo e a saúde mental. A epidemia do século XXI é uma epidemia silenciosa: Depressão! A Organização Mundial de Saúde (OMS), estima que, uma em cada quatro pessoas em todo o globo sofre, sofreu ou vai sofrer de depressão. Pior: até 2030, poderá tornar-se na doença que mais pessoas afecta, superando o cancro e as doenças cardíacas. Em Portugal, um em cada cinco utentes que recorrem aos cuidados de saúde primários é-lhe diagnosticada a doença no momento da consulta. E o papel do urbanismo na depressão? Por estranho que pareça, em Portugal existe um único estudo conhecido acerca da relação entre o urbanismo e a depressão, efectuado por Vanda Carreira (2009). O estudo incidiu sobre sete freguesias da cidade do Barre...

Sonhar é viver

Um brinde para todos! Vamos imaginar e sonhar.... Abraço, Susanne

Os Sem-Abrigo: Antes de serem sem abrigo, são pessoas.

Os Sem-Abrigo: Antes de serem sem abrigo, são pessoas. A AMI define um sem abrigo toda a pessoa que não que não possui residência fixa, pernoita na rua, carros e prédios abandonados, estações de metro e de comboio e contentores. O meio em que vive um sem-abrigo é hostil com privação de relações de afecto e ameaças constantes à integridade física e psicológica. A tónica da sobrevivência absorve toda a atenção e rotina do individuo. Deixo-vos um excerto baseado na tese de mestrado de Ana Ferreira Martins: "Mulheres Sem Abrigo na Cidade de Lisboa" - Fevereiro de 2007 “Todos os seres humanos têm direitos e deveres. Encarar o fenómeno dos sem-abrigo como "coitados dos pobrezinhos" não ajuda ninguém a sair do ciclo reprodutivo da pobreza, "Filho(a) de sem abrigo será sem abrigo". A visão paternalista, de cima para baixo, de lidar com as questões da pobreza não promove a eliminação da mesma. A igualdade de oportunidades para todo(a)s exige o exerc...

Facebook

Facebook: Dr. Jekyll e Mr. Hyde??? É no mínimo irónico que o Facebook que tem como missão “ajudar a conectar-se e a partilhar com as pessoas da sua vida”, seja causa de sentimentos fortes como inveja, solidão, frustração e angustia. Quem o diz é um estudo alemão, que envolveu 600 pessoas, e concluiu Facebook nos pode fazer sentir mesmo muito mal. Consta que ao vermos fotografias das férias dos nossos “amigos” somos assolados por sentimentos de inveja, e ficamos frustrados quando os nossos “amigos” obtêm mais “likes” do que nós… Se encararmos o Facebook como uma comunidade, seja ela virtual ou não, são pessoas que a constituem, e os sentimentos de frustração, inveja e solidão, são inerentes ao ser-se humano, seja em que contexto for. Será que pensaram que o Facebook pelo seu caracter virtual, ia transformar o nosso mundo num paraíso? Encarando o lado positivo do Facebook, pensemos na comunidade idosa, nas populações isoladas geograficamente e na populações com doenças ou difi...

Infidelidade

Infidelidade! Homens são mesmo de Marte e as mulheres de Vénus??? Se na sua opinião os homens dão mais importância ao envolvimento sexual numa relação e as mulheres ao envolvimento emocional ….então se calhar o senso comum não está assim tão longe da verdade. Um estudo acerca das opiniões masculinas e femininas sobre a problemática da infidelidade, mostrou que os homens ficavam mais perturbados com a ideia das mulheres serem infiéis quando o envolvimento incluía a intimidade sexual, e as mulheres ficavam mais perturbadas quando os homens se envolviam emocionalmente com outra mulher….. Adicionalmente, os homens mais facilmente acreditavam que as mulheres têm maior probabilidade de ter relações sexuais quando estão apaixonadas, mas as mulheres acreditam que os homens têm a mesma probabilidade de terem relações sexuais quer estejam ou não apaixonados… . Surpreendido/a? Qual a sua opinião? Quais serão as causas destas diferenças ? Um Abraço Susanne M. França ...

Chucha

Uma situação caricata aconteceu hoje na minha rotina matinal….Qual não é o meu espanto quando ouço os soluços desesperados do meu filho, e me deparo com ele sentado na sanita lavado em lágrimas… Entre os soluços sonoros, lá consegui percebe r que a famosa amiga chucha tinha caído dentro da sanita…e estava num estado irreconhecível. Isto para um adulto pode parecer básico e pratico! Deita-se a chucha no lixo e pronto! E convencer a criança de que isto tem que ser feito? Pois… tivemos que negociar de tal modo a questão da chucha que logo de manhã tive que assistir a uma cerimonia "fúnebre" da chucha, liderada pelo meu filho. Fiquei a pensar nisto, e, realmente por muito ridículo que a história soe, num mundo de uma criança deitar no lixo a sua chucha, deve ser uma perda dolorosa que merece ser respeitada e assinalada. E no nosso universo adulto? Quantas perdas sofremos, sem sequer reconhecermos o seu impacto na nossa vida e comportamento? Muita coisa na vida tem valor simbóli...

Para Onde Foi o Amor? – Relacionamentos Virtuais

Para Onde Foi o Amor? – Relacionamentos Virtuais O consumismo e o avanço das tecnologias caracterizam e marcam a sociedade contemporânea. Os relacionamentos online ganham destaque e tornaram-se uma realidade comum e rotineira no nosso dia-a-dia. Será que os relacionamentos adoptaram as características típicas do resto da nossa vida: desejo de satisfação rápida das nossas necessidades; dificuldade de lidar com a frustração; individualismo, etc? E os relacionamentos? Será que perdemos a naturalidade e o mistério associado a conhecer uma pessoa? Será que os relacionamentos online são pautados pelo que as pessoas aparentam e “escolhem” ser e não pelo que são? Será que podemos afirmar que conhecemos realmente a pessoa com quem nos relacionamos? Será que o ecrã serve de escudo e nos permite protecção? Será... Há autores que defendem que os relacionamentos ciber perderam a magia e tornaram as relações humanas descartáveis e pautadas pela quantidade e não pela qualidad...

Luto da morte de um animal de estimação!

Luto da morte de um animal de estimação! " O que torna comovedora a dedicação do cão, é que ele a manifesta apenas com provas." Condessa Diane Fala-se muito no luto por morte de um ente querido, mas pouco se tem falado do luto pela morte de um animal de estimação. Existem pessoas que ainda acham ridículo alguém ficar totalmente devastado quando tem que decidir a eutanásia de um animal e lidar com a perda da sua presença e companhia. Lembro-me quando eu era mais nova e me morreu um cachorro lindo e meigo, e eu fiquei de tal modo que nem consegui ir trabalhar, alguém olhou para mim e me disse “mas era só um cão….” Um cão fica ao nosso lado quando ficamos em casa doentes e não larga os pés da nossa cama….um cão salta de alegria quando chegamos a casa do trabalho…um cão enrosca-se no nosso colo quando vemos televisão…um cão é, e será sempre o amigo mais fiel e incondicional que um ser humano pode ter. Sentirmos a perda quando esse cão nos deixa depois d...