Será Que Perdemos a Arte de Viver e Observar?
Quando andei
freneticamente a pesquisar jardins-de-infância para o meu filho, foi um stress.
É uma decisão difícil escolher o local e
as pessoas em quem se vai confiar um filho. Andei de infantário em infantário,
até que lá nos decidimos (eu e o pai) a muito custo. Decisão tomada, chegou o
dia em que a criança foi conhecer, e claro, aprovar a decisão dos pais. Mal nos aproximámos do portão, ele arregalou os
olhos, e soltou um berro estridente: “mãe
olha….há galinhas!!!”. Não é que no quintal solarengo geminado ao
infantário existiam flores, couves, limoeiros, ameixoeiras e galinhas robustas a
vaguear livremente com os seus pintos. Fiquei boquiaberta e estupefacta com o
facto de ter vindo aqui diversas vezes e não ter reparado neste quintal. Como é
possível não reparar num quintal enorme cheio de galinhas num meio urbano? O
filho ficou instantaneamente apaixonado pelo infantário e apregoou o resto do dia a alto e bom som que o infantário novo “tem
galinhas!”
O que nos faz passar pelas coisas e não as ver?
Será que vivemos uma existência de piloto automático que a
vida nos passa literalmente ao lado? Mas que raio andamos a fazer que nem
desfrutamos o melhor que a vida nos tem para dar?
Será que ao querermos fazer tudo (e o tudo é muito!),
depressa e bem, estamos a hipotecar a nossa saúde e qualidade de vida? Para quê, se chegamos ao fim do dia
sempre com a mesma sensação: exaustão, irritabilidade e prontos a explodir ao
menor toque!
Se levanto muitas questões, é porque não sei as respostas.
Mas uma coisa deve ser uma certeza: se estamos nesta vida, então seria inteligente sabermos vivê-la! E vivê-la, deveria incluir mais tranquilidade, para podermos reparar
que o quintal do vizinho tem galinhas.
Treinar a arte de viver a vida com mais serenidade é um dos
temas de destaque de muitas sessões num consultório de psicoterapia. Eu cá gosto muito desta frase de Frederico Lorca "Olha à direita e à esquerda
do tempo, e que o teu coração aprenda a estar tranquilo”
Um Abraço,
Susanne M. França
©2013 Susanne Marie Ramos França
©2013 Susanne Marie Ramos França
