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Os Sem-Abrigo: Antes de serem sem abrigo, são pessoas.


Os Sem-Abrigo: Antes de serem sem abrigo, são pessoas.

A AMI define um sem abrigo toda a pessoa que não que não possui residência fixa, pernoita na rua, carros e prédios abandonados, estações de metro e de comboio e contentores. O meio em que vive um sem-abrigo é hostil com privação de relações de afecto e ameaças constantes à integridade física e psicológica. A tónica da sobrevivência absorve toda a atenção e rotina do individuo.

Deixo-vos um excerto baseado na tese de mestrado de Ana Ferreira Martins: "Mulheres Sem Abrigo na Cidade de Lisboa" - Fevereiro de 2007

“Todos os seres humanos têm direitos e deveres. Encarar o fenómeno dos sem-abrigo como "coitados dos pobrezinhos" não ajuda ninguém a sair do ciclo reprodutivo da pobreza, "Filho(a) de sem abrigo será sem abrigo". A visão paternalista, de cima para baixo, de lidar com as questões da pobreza não promove a eliminação da mesma. A igualdade de oportunidades para todo(a)s exige o exercício pleno de uma democracia participativa. Quem detém alguma responsabilidade sobre estas questões da pobreza deverá encará-la como uma questão humanista e não paternalista. Todos os seres humanos independentemente da sua condição socioeconómica têm direito à felicidade, ao amor, à ternura, ao bem-estar de um lar. Não se trata de os abrigos darem comida e uma cama, trata-se de se criarem estruturas que possam conferir ao ser humano que se encontra na situação de sem abrigo o acesso à felicidade, ao amor e ao exercício pleno da cidadania de acordo com as suas reais capacidades. Não podemos exigir a um ser humano que já nasceu nas piores condições socioeconómicas, sem acesso à saúde, à educação, à cultura, ao desporto, ao trabalho e a um lar o mesmo que exigimos a quem sempre teve tudo à nascença. Cada ser humano é único, e todo(a)s merecemos que nos tratem com a dignidade que as constituições e os direitos humanos nos conferem.

Antes de serem sem abrigo, são pessoas.

Às vezes a criatividade e o espírito de sacrifício substitui uma percentagem dos financiamentos. Bem hajam todos(as) os(as) que dedicam a sua vida profissional e pessoal a dignificar seres humanos”.

Abraço,
Susanne M. França
Susanne M. Franca

©2013 Susanne Marie Ramos França

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