A vida é tão
irónica. Presenteou uma amiga minha com o nascimento do seu segundo filho, na
mesma semana que faleceu a sua avó. Como lidar simultaneamente com o luto da
avó e o nascimento de um filho?
Esta avó,
como tantas, foi uma mãe, uma amiga, uma companheira e uma confidente. Era
daquelas avós que cuidam dos netos com uma ternura e amor infindável, que têm um
sorriso eterno e uma enorme dose de bom senso. Quem tem ou teve uma avó assim,
lembra-se bem como ela nos defendia sempre perante os nossos pais, quando nos
dava um dinheirinho extra sem termos que pedir, como tinha sempre uma sopinha e
um bolinho quentinho pronto à nossa espera, como cuidava de nós quando adoecíamos
e sabia contar histórias com a expressividade e mistério que só uma avó sabe
transmitir.
Voltando à
minha amiga; como lidamos com o fim do prazer de termos a nossa avó perto? Com
o fim de uma geração? É como se ela tivesse levado com ela uma parte da infância,
da adolescência, uma parte do seu ser.
O luto por morte de um
ente querido é um processo complexo definido como um conjunto de reacções ao
nível emocional, físico, cognitivo, comportamental e social, que surge associado
à perda. É um acontecimento muito stressante e doloroso e afecta a maioria das
pessoas em alguma fase do ciclo da vida.
Bowlby
(1980),tendo por base a sua investigação acerca da teoria de vinculação, prestou
um enorme contributo ao estudo dos processos de luto. O luto é encarado pelo
autor como um processo adaptativo, tanto nos animais como nos humanos,
atribuindo-lhe um caracter universal.
Se
a dor do luto pode ser evitada? Não! Quando nos ligamos afectivamente a uma
pessoa, como podemos não sofrer quando perdemos a sua presença na nossa vida?
A dor envolvida num processo de luto
pode ser assustadoramente comovente e exige uma postura de humildade e respeito
por quem tem que passar por ela.
Em homenagem às nossas avós, estejam
elas onde estiverem!
Um Abraço,
Susanne M. França
©2013 Susanne Marie Ramos França
©2013 Susanne Marie Ramos França
