Avançar para o conteúdo principal

Felicidade Sintética! Poderá o nosso cérebro “manufacturar” felicidade?


Felicidade Sintética! Poderá o nosso cérebro “manufacturar” felicidade?
O conceito de felicidade surge inúmeras vezes em terapia. Grande parte dos meus clientes/pacientes, quando lhes pergunto os objetivos que gostariam de alcançar em terapia, dizem-me que o que mais queriam era “serem felizes”.
Mas o que é na realidade a felicidade? E será que para nos sentirmos felizes temos mesmo de obter o que ambicionamos e queremos na vida?
Segundo o investigador e psicólogo da Harvard, Dan Gilbert, a felicidade pode ser “manufacturada” no nosso cérebro - felicidade sintética – e ser tão verdadeira e real como a felicidade natural - aquela que estamos habituados a sentir quando vivenciamos momentos de felicidade. O investigador argumenta que existe em nós um sistema que nos permite ser igualmente felizes em situações adversas, diretamente relacionado a um sistema inconsciente – O Sistema Imunitário Psicológico. Este parece ter como função principal proteger e defender a nossa saúde mental, ajudando-nos a lidar com situações negativas da vida, protegendo-nos da depressão, e outras perturbações do foro psicológico e psiquiátrico. O sistema imunitário psicológico altera, de um modo inconsciente, o modo como percepcionamos e processamos informação, reduzindo o grau de emoções perturbadoras, distorcendo a nossa percepção para a tornar mais apelativa relativamente ao contexto da situação em causa. Do mesmo modo, permite que o conteúdo de determinados acontecimentos nunca atinja a nossa consciência, protegendo-nos e acelerando o processo de recuperação.

Quer isto dizer, que o nosso cérebro fabrica felicidade (sintética), para nos ajudar a lidar com as situações menos boas da vida?

Ninguém está a menosprezar a carga intensa e avassaladora dos acontecimentos traumáticos, nem os seus efeitos no corpo e na mente, mas, por outro lado, a possibilidade de que o nosso cérebro pode “criar” sentimentos de felicidade para nos proteger e ajudar, admitamos, que é no mínimo fascinante!

E será que podemos reforçar o nosso sistema imunitário psicológico?

Ainda não se sabe ao certo como se processa o funcionamento deste sistema, no entanto, sabemos que é um sistema de protecção da saúde mental e que funciona a um nível inconsciente. A Hipnose Clínica sendo uma terapia com um acesso mais directo e rápido aos processos inconscientes, é uma forte candidata a eficazmente não só reforçar, como limpar, “resíduos emocionais tóxicos”, que possam enfraquecer este sistema.

Técnicas de auto-hipnose com imagética e visualização criativa, parecem ser promissoras como aliadas a este sistema imunitário psicológico, trabalhando em parceria com este, para o manter saudável e forte, e consequentemente, proporcionar-nos uma vida mais rica em momentos da tão prezada e desejada Felicidade!
Susanne M. Franca
©2012 Susanne Marie Ramos França







Mensagens populares deste blogue

Alma nunca “pensa” sem uma imagem mental” – Será que Aristóteles tinha razão?

De acordo com o psicólogo e investigador Steven Pinker, as nossas vivências são representadas nas nossas mentes em forma de imagens mentais, formando ecos e reconstruções das percepções das nossas experiências do presente, memórias do passado e antecipações de situações e emoções do futuro.   Quando falamos em imagética, geralmente pensamos em visualização. A imagética usa certamente a componente visual, mas a sensibilidade auditiva, visual, olfactiva, gustativa e cinestésica é poderosa, e surge em todos nós em diferentes graus e intensidades. Quem não se lembra de ter ouvido uma música e ser automaticamente transportado/a para uma situação no passado em que essa música teve um significado especial? Entramos num estado alterado de consciência, e saímos do momento presente, vivenciando e sentindo a experiência do passado como se ela estivesse a acontecer agora! Isto é um estado de hipnose! É o pensamento na sua qualidade sensorial pura. Imagética e Cura: Criar novas im...

CHUVA OBLÍQUA

CHUVA OBLÍQUA Atravessa esta paisagem o meu sonho dum porto infinito E a cor das flores é transparente de as velas de grandes navios Que largam do cais arrastando nas águas por sombra Os vultos ao sol daquelas árvores antigas... O porto que sonho é sombrio e pálido E esta paisagem é cheia de sol deste lado... Mas no meu espírito o sol deste dia é porto sombrio E os navios que saem do porto são estas árvores ao sol... Liberto em duplo, abandonei-me da paisagem abaixo... O vulto do cais é a estrada nítida e calma Que se levanta e se ergue como um muro, E os navios passam por dentro dos troncos das árvores Com uma horizontalidade vertical, E deixam cair amarras na água pelas folhas uma a uma dentro... Não sei quem me sonho... Súbito toda a água do mar do porto é transparente E vejo no fundo, como uma estampa enorme que lá estivesse desdobrada, Esta paisagem toda, renque de árvore, estrada a arder em aquele porto, E a sombra duma na...

O País das Histórias Perdidas “ – Para onde foi a fantasia?

“O País das Histórias Perdidas “ – Para onde foi a fantasia? “Era uma vez um menino chamado Leonel, que procurava entre os seus sonhos, um que o levasse, num instante, até ao futuro (…). Precisava sentir o futuro, e de saber que ventos esquisitos estragam a magia das crianças e parecem transformá-la num duende que atormenta tantas pessoas quando crescem. Depois de chegar ao futuro, Leonel abriu muitos os olhos assutado. Era grande o seu espanto. O futuro tinha-se transformado, para muitas pessoas crescidas, um país de histórias perdidas…Porque é que chegado ao futuro, a fantasia das crianças parece transformar-se numa folha mais ou menos branca, sem histórias por quem se enamorem? “ (Eduardo Sá em “Tudo o que o amor não é”). Será que ao crescermos nos esquecemos de sonhar? Ou será que não nos esquecemos, mas a vida nos verga e molda desfigurando irreconhecivelmente os nossos desejos e fantasias? Será que crescemos e nos transfomamos num “país de histórias perdidas”? Nos ...